quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Perdendo a virgindade


Fiquei pensando se chocava logo os meus leitores com uma das minhas poesias ilícitas. Afinal, os comentários foram tão agradáveis e todo mundo sabe que o Brasil não lê poesia.
Ainda mais, poesia-não bonitinha- não meiga- não alisa saco.
Mas resolvi acreditar no meu público e postar Perdendo a virgindade. Escrevi esse poema em 2004, mas o modifiquei levemente em 2007.

O poema é indicado para leitores putos, desiludidos, ásperos, ressentidos e vítimas de conquistadores manipuladores.

A foto é da Flora Egecia (
egecia@gmail.com), assim como a do template do blog.



Perdendo a virgindade

A verdade
É que eu não sou a virgem pura
Que lhe pareço ser.

Este mundo já me fodeu tanto
Que seria uma puta hipocrisia
Dizer o contrário.

Mas foi só agora,
Que percebi todo esse sangue,
Já seco e duro,
Quebrando o lençol.

Tanto vermelho!
Já vinho,
Já negro...
Me faz crer que pereci
De agudas dores.
Mas, na hora,
Eu nem senti.

Acho que foi isso
Que o fez voltar todas as noites:
A minha ignorância.

Sinto muito, meu amor,
Mas eu não sou mais sua inocente prostituta.
Agora,
Eu dou porque quero.


Patrícia Colmenero,
A Medusa impune.

31 comentários:

J.R. Lima disse...

E isso é responsabilidade.
Há algum tempo venho pensando sobre a ingenuidade e a compreensão.
A ingenuidade não gera angústia, mas a compreensão é uma coisa mais plena, como a responsabilidade em relação ao controle.
Enfim, para melhor ou pior, a passagem é só de ida. Ninguém fica ingênuo de novo.
Grato pelo alento intelectual. Além de lindo, o texto faz pensar.

Everaldo Ygor disse...

Olá!
Um ótimo e erotico poema...
É certo que alguns podem até chocar, para outros a curiosidade de um novo e intenso poema...
Parabéns!
Abraços
Everaldo Ygor
http://outrasandancas.blogspot.com/

Unknown disse...

Linda a poesia!
Surpreendente, profunda e reflexiva.
Adorei!

Cla disse...

Mas eu não sou mais sua inocente prostituta.
Agora,
Eu dou porque quero.


amei amei
=)
arrasa, gatona

Helena de Oliveira disse...

Me faça um favor? Escreva sempre.
Me identifiquei com cada sílaba. Sua alma devassa é quase o espelho da minha.

Já vou até te linkar. Beijo doce!

Anônimo disse...

UAU! ISSO é Pat!
Qualidade literária impressionante! Como vc disse, o poema-padrão é a coisa doce e boba sobre o amor não correspondido. A revolta, desencanto, palavras chulas, sinceridade áspera mancham o poema como é manchada a eu-lírico prostituída.
Great!

E a minha crítica do comentário anterior não foi nem a inadequação do tipo de texto, foi a coisa de ter que ver vc parar de escrever antes da 100a. página! hahaha. Mas tudo bem! Vivemos na Era do Distúrbio do Déficit de Atenção. A leitura acaba tendo que ser reduzida a pílulas. Eu mesmo sou uma vítima dessa era, cada vez mais imerso nos contos e menos nos romances (e cada vez mais imerso nas one-night stands que nos romances tbm... a contragosto! hahaha)

Unknown disse...

E que assim seja.
um bj, gostei muito.

Lucas Pereira Caixeta disse...

Voce escreve bem!
=)

É um prazer visita-la!

o meu ---> http://iluminatto.blogspot.com

Beijos

Anônimo disse...

Sou difícil para gostar de poemas. Na verdade, costumo selecionar trechos (geralmente os poemas em completo não me realizam), e aquele ali do mundo te fodendo - e por isso tu te prostituindo - foi uma boa sacada.
Amplexo,
B.

Unknown disse...

Querida Patricia,
realmente eu gosto muito de literatura, aprecio, leio muito, mas meu interesse estah no humano disso tudo, ou seja, naquele q produz oq leio; dessa forma teria q ler e reler teu poema e pensar mais um pouco sobre. Mas pra falar de uma percepção inicial, percebi certa agressividade, certo rancor e nisso não vejo nada de negativo, apenas considero q é o q se apresenta e ainda, não defendo textos "bonitinhos", mas sim aqueles q trazem a dúvida. Seja bem vinda...qto mais vc produzir melhor pra todos! lembre-se q em nossas produções o q aparece eh parte ou o todo de nós mesmos.rs

Filipe Mello disse...

Não está ruim, mas algo me incomoda no seu poema.

Está gramaticalmente certo, mas não sei... li e reli muitas vezes. E posso dizer que o poema não tem musicalidade. Ok, eu posso entender: “como o poema é seco, por isso a melodia é seca”. Ai entra o ritmo, mas ele não é forte saca? Para quem quer ser forte, chocar, esse ritmo não dá. Ele é simples demais, fácil e muito correto. Será que me compreenderá? Enfim...

Depois eu perdi um tempo pensando na 4º estrofe. Com certeza, é o mais fraco. Explico: a imagem “vermelho vinho, vermelho negro” é batida, lugar comum. O resto ta tranqüilo, tem umas imagens interessantes. Então a partir daí, eu fiquei reparando no vocabulário que escolheu para o seu poema. E, realmente, as palavras escolhidas são fracas, ou seja, enfraquecem o poema. Ok, você não é agressiva e não quer escrachar, mas você ficou muito delicada falando de algo pesado. Foi praticamente um estupro!! Talvez rever as imagens que usou no poema, sei lá, o deixe mais forte e delicado ao mesmo tempo.

Pra quem queria ser ousada, se mostrou mais conservadora.

É isso, não fique brava não, se tratando de literatura eu falo mesmo, na verdade, sou assim com tudo mesmo.

Qualquer coisa só gritar, sabe como me encontrar.

O principe da classe operária disse...

fia, não choca ninguém um cabaço perdido
choca mais
antes disso
é o cabaço retido
e muito mais
sinceramente
é o hímen complacente

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

e não damos todos?
gostei.
http://raviolleiro.myartsonline.com

Filipe Mello disse...

Acredito q a musicalidade venha da escolha das palavras... você lê os seus poemas em voz alta? Isso faz uma baita diferença...

Eu gosto muito de Hilda Hislt, leia em voz alta para você ver como é diferente.

Com relação ao meu texto, mudei o final, fiquei pensando, mas não sei se conseguiu mudar alguma coisa.

Já coloquei o seu blog no meu link, é fácil viu, o blogspot te ajuda.... fuça lá.

Beijo e grite sempre.... e traga mais novidades.

Unknown disse...

Fez bem em postar!
Adorei!
Ao mesmo tempo que parece bela a união das palavras, é chocante. E ainda assim é também sincero!
Sinceridade chocante! hehe
algo assim!

beijos mulhé!

J.R. Lima disse...

Olá de novo!
Grato pelas visitas e pelos comentários!
O sindicato dos Escritores Baratos é um blogue coletivo e aquele texto que vc comentou foi a primeira coisa que coloquei lá!

Um abração!

http://ecosdiversos.blogspot.com

Anônimo disse...

Sewmpre preciso de um tempo adicional para digerir poesias, destrinchar, absorver.


Seu verso é tão livre...


Voltei com blog tb, mas estou com pouco tempo para escrever.
Depois volto e leio tudo.

bisous

Anônimo disse...

Caso não dê certo, taí o link: http://www.frutaspodres.blogger.com.br

Unknown disse...

Tão útil largar a santidade neste mundinho vão quanto saber bem utilizar as máscaras do sensível, escancarando as pernas da arte na cara do real. Bem verdade!

Apego-me às astrolorgias literais a fim de sublimar o piegas também. Hist inspira tanto a gente quanto goza dos mortais que se julgam eternos pelas palavras devassadoras de livros.

Portanto venha se defrontar com meus apelos no peito, eu que sou mulher como tu e possuo sítios virtuais. Se virtuosos não sei, penetre nos perfis meus e descubra.

Agradeço teres "panfletado" a mim teu universo torto. O perfeito pré-feito me enfada. Parabéns diversos!!!

Natty disse...

Bravo,Bravo,Bravíssimo!


Peculiar!



bejooo!!!

s=*

Unknown disse...

Não vou negar que foi muito, muito chocante. Mas, a segunta vista, é uma verdade muito latente, por trás de palavras tão pesadas, que me convencem, mais uma vez, de q nda é o q parece. A poluição entra pelos nosso poros e ,antes mesmo que percebamos, já chegou no sangue, já é parte da gente, já é muito tarde. Da corrupção desse mundo não há como fugir, basta estar vivo. Boa Patty!

Admin disse...

Profundo poema,erótico e marcante...

Felipe disse...

Sinceramente...

Muito ruim.

"Este mundo já me fodeu tanto" é frase nível bate-papo na internet entre pré-adolescentes

Quarto paragrafo começa razoavel... a imagem do vinho, do negro, mas termina com um "Mas, na hora, Eu nem senti." que destruiu qualquer esperança de achar qualidade no poema.

E como mais alguns que comentaram, não achei nada de chocante.

Mas seu post de baixo (Verborragia inaugural) achei muito bom.

Mona lisa Budel disse...

Olá Patricia ...

Poesia moderna ... urbana ... marginal !!!

"hoje eu dou porque quero "

e se a maioria de nós dá pra quem quer e porque quer... é imbecil esperar que nossa literatura ainda seja virginal ... puta e pura hipocrisia ...

estou te linkando no Dividindo as estações e no Gritos também ...

www.gritosesussurrosurbanos.blogspot.com

Anônimo disse...

Acho que no fundo eu sempre dei por que quis, mesmo sabendo que era o mais imprudente.

Mas... fazer o que?

Ao menos você tem uma desculpa para colocar as mãos na rédeas, eu, bem, eu já não sei.

Gustavo S. de Lima disse...

muito interessante

Anônimo disse...

pat...vc é foda...gostei p/ caramba e... como nem tudo são flores acho que ser áspero, mas sincero faz bem...continue! bjo

Anônimo disse...

Seu texto junto com sua foto se encaixam perfeitamente. Sem querer fazer trocadilho, eu diria que são um gozo profundo. Seu poema é lindo, você é linda e cada um tem o mesmo sabor de vida. Poesia é isto, palevras em carne viva.

Deixo um endereço onde também arrisco-me em textos e palavrórios. caso queira, dê uma passadinha lá. Bjs.

Unknown disse...

Perco a virgindade todos os dias,
quando acordo e vejo que ainda vivo.
Nesse mundo de incertezas e poucas certezas sobrevivemos rumo ao certo.
Espero por algo que nunca vem.
Meu otimismo vive em constante luta com o pessimismo.

Sua poesia típica do reflexo brasileiro.
Vivemos seu texto no contexto da nossa existência.

Poesia:
Sutil, sarcástica, realista, agradável...

um grande abraço

Mohamad Nagashima disse...

Sinceramente, eu te pergunto o que foi isso?... Isso não é, obviamente, um conto pornô, eu não dei nem um bocejo lendo isso. E isso obviamente não é poesia, a final o que há de poético nisso?!
É uma mistura de "letras ajeitadinhas" com palavrões que não dizem absolutamente nada. Parece mais que você perdeu a virgindade com um cara que te deixou depois, coisa que você não gostou, e resolveu agora exprimir essa dor nisso.
Se foi isso, então tudo bem, tem como dizer ainda que você não estava nos seus melhores dias, mas se não for, que tal você fazer uma grande modificação (do tipo total) no seu poema agora em 2009?!