terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Cartas de São Paulo




Presto atenção em tudo para não perder nem um borrão. Essa cidade me fascina, mãe. E eu estranho que todos não estejam tão hipnotizados quanto eu. Cada imagem inaugura um monte de reações em mim. Estou excitada com as ruas de pedra, a moda estranha e as longas caminhadas.
Quero tanto esse mundão! Mas tenho medo dele não me querer. Estou ansiosa pelos próximos dias e sei que é o medo que justifica e valida as coisas, mas toda essa animação me assusta.
Escrevo tudo isso porque tenho de entrar em contato outra vez com o que há por dentro para me tornar uma boa escritora.
Obrigada, mãe, por ser meu porto seguro.





Vi duas mulheres andando com os cachorros no shopping que entrei para almoçar. Senti falta do Toff, principalmente, e dos outros três.
Nesse sentido, São Paulo já superou várias gerações de crises de velhice precoce ou não. Trabalhando nas lojas, muitas pessoas têm piercings, cabelo raspado, dread, sobrancelha no lápis e o cachorro na coleira. E nem aí. Eu, na minha vivência de pequena cidade grande, ainda me deslumbro com isso.



Amanhã é meu primeiro dia de aula e a academia é surreal. Ela se encaixaria perfeitamente em todos os meus referenciais para alternativo. E eu, jeca que sou, me sinto como um ET tentando parecer legal. Mesmo assim, já que estou aqui, talvez o destino queira me dizer que já faço parte desse seleto grupo dos cool. E eu e o Fabio já fizemos vários planos do que vamos fazer com os nossos futuros prováveis amigos de curso. Uma delas é perguntar onde tem narguilé barato porque encontramos um pequeno por R$ 69! E isso no shopping de um dos bairros mais caros da cidade! Viva o dinheiro de Brasília em São Paulo!

Até fevereiro!