sexta-feira, 12 de setembro de 2008

A vida é uma aventura obscena de tão lúcida



"A vida é uma aventura obscena de tão lúcida", disse Hilda Hilst, a melhor poeta brasileira. Sim, nada de Drummond, de Navio Negreiro, de "que seja eterno enquanto dure". É de borboletas de carne e de tu não te moves de ti que se faz a verdadeira literatura do Brasil varonil.
Mas talvez eu diga tudo isso porque sou uma pessoa muito crítica como fui chamada ontem. Mas acho que não. Na verdade, sou alguém que ama muito, ama intensamente. E, no amor, não há espaço pra tantos "como vai", vai-se direto à verborragia mais dissecante. Ou seja, "odeio isso em você, amo isso em você. Isso aqui é, simplesmente, um monte de merda".
O mais estranho foi que encontrei eco para isso num livro de Fernanda Young. Isso mesmo. Depois de muito tempo em crise, decidi que amo e odeio desesperadamente Fernanda Young. E confesso que comprei o livro de estréia dela nesta semana. Assim como já tinha outros 3. A questão é: acho que ela escreve mal, se perde, não trabalha a linguagem, conta historinhas...mas adoro! É paradoxal e estou aprendendo a viver com isso. Mas algo sempre me intrigou: como essa mulher chegou onde chegou sem ser nada convencional, nada fresquinha, nada puxa-saco? Finalmente! Encontrei a resposta! O seu primeiro livro, Vergonha dos pés, é realmente, realmente mesmo, muito bom! Tem estrutura, a protagonista é instigante e complexamente bizarra, a história é envolvente e os flash backs dão um estilo inspirador ao livro. Colegas leitores, por mais que as coisas pareçam acontecer por acaso, não é verdade. Esse foi meu aprendizado da semana. E nas palavras sobre a Ana do romance: "Para falar de Ana, é preciso repetir com freqüência certas palavras: sempre, nunca, odeia, ama, não."
Respondendo aos comentários, obrigada por reagirem ao meu romance. Preciso de outros olhares. Quando estamos há tanto tempo em uma mesma coisa, a vida às vezes fica obscena demais ou lúcida demais.
Não sei porque postei isso e não algo literário. Acho que precisava conversar com outros possíveis leitores paranóicos, críticos paranóicos, escritores para...
E espero respostas/comentários. Exijo ao menos uma migalha. Meu coração é tuberculoso e fico triste quando não recebo atenção.