segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Eu arteio, tu arteias talvez, ele, já não sei.

Eu sou xiita. Prefiro manter a arte como hobby e fazer do jeito que eu quero. Se for fazer pro meu sustento, mais cedo ou mais tarde, vou ter que abrir mão de coisas que eu quero. Que nem o Lobo Antunes disse numa entrevista, perguntando sobre uma literatura mais fácil, acessível, light: "Eu não sei o que é que é light, sei o que é light em relação a cigarros. Há literatura, e não há literatura. Pois a literatura não é isso, é uma coisa nobre, a literatura é o que faz o Dostoievski." Ou eu escrevo o que eu quero, ou não escrevo. Que nem meus amigos músicos. Eles até conseguem uma grana tocando. 90% é tocando merda que eles não gostam: casamento, restaurante, etc. E eles são totalmente profissionais, vão lá, fazem o que mandam e tal. Isso pra mim não conta, é quase burocracia.

Breno Kümmel, em conversa msênica (lê-se m-s-ênica) rara [porque eu não freqüento o recinto] que ele jamais gostaria de ver aqui publicada e que, se suspeitasse, teria me deletado.

Eu acho que muita gente quer, acha massa, mas não tem a coragem necessária (e a loucura) pra enfrentar esse caminho. Por isso que muitas vezes é um caminho meio solitário, porque você tem q se reerguer sempre só com você.
[{E você agüenta toda essa solidão?}]
Chega num momento q você se acostuma. É como se você perdesse um dedo. Faz falta, mas uma hora você se adapta.

Victor Ceresa falando de se alimentar da arte com uma metáfora lulista [brincadeirinha]. Muito bom! Desde que me disse isso, ando pelas ruas sem um dedo. Assumi minhas deficiências.

E você leitor [que foi ironizado por Machado – tornando-se sempre uma mulher fútil, impaciente e sem consciência artística – e igualado em miudeza de podridão por Baudelaire – “Hipócrita leitor, meu igual, meu irmão!”] o que acha do assunto? Te ausentas? Te enojas? Queres matar-me por tocá-lo e alarmá-lo a respeito dessas essências que pedem filosofia? Fala! [estou com espasmos hilstianos hoje – por isso, as segundas pessoas surgindo alvoroçadas]

Uma última infame pergunta: o que ledes vós?
Tradução: o que vocês gostam de ler?

Aguardem cenas picantes em produção!